Luiz Fernando Guimar?es volta a fazer novelas ap?s tr?s anos longe da TV. Foto: Jorge Rodrigues Jorge/Carta Z Not?cias/Divulga??o

Luiz Fernando Guimar?es atua na novela global 'Cordel Encantado'
Foto: Jorge Rodrigues Jorge/Carta Z Not?cias/Divulga??o

Geraldo Bessa

Depois de tr?s anos longe da TV, voltar ao ar era o principal objetivo de Luiz Fernando Guimar?es para este ano. A surpresa ficou por conta do formato do retorno: uma novela. Os personagens tipicamente urbanos e atrapalhados dos seriados protagonizados pelo ator deram lugar a Nicolau, o inescrupuloso mordomo de Cordel Encantado. "N?o queria me repetir. Estava sem fazer nada. At? que apareceu o convite. Foi na hora certa e me soou diferente", entregou. Passada a estreia, percebe-se que a ?nica coisa que permanece intacta na volta do ator aos "sets" de grava??o foi o humor. Para dar vida ao vil?o, Luiz Fernando faz uso de alguns truques j? experimentados nos programas dedicados ao g?nero, como TV Pirata, exibido de 1988 a 1990, e Os Normais, trabalho que foi ao ar entre 2001 e 2003. "Ele ? muito egoc?ntrico e s? quer se dar bem. Mas faz isso de maneira meio sonsa, apelando para a com?dia", ressaltou.

A ?ltima novela na qual Luiz Fernando atuou foi Uga Uga, de 2000. O ator confessa um certo nervosismo neste retorno, mas garante que est? sendo mais divertido do que previa. "N?o crio dificuldades. As grava??es est?o ?timas. Fizemos uma viagem incr?vel no in?cio do trabalho", relatou o ator, referindo-se ao in?cio das grava??es, com externas feitas em Paris e no estado de Sergipe. "O texto brinca com os opostos e faz uma mistura interessante entre o sert?o nordestino e a realeza europeia", acredita.

Nos ?ltimos anos, sua carreira na televis?o foi direcionada para s?ries e projetos de curta dura??o. As novelas estavam fora dos seus planos?
A dire??o da Globo sempre me pergunta sobre os projetos que tenho para desenvolver durante o ano. N?o existe uma imposi??o. Eles me perguntaram uma vez se eu pretendia fazer novela. Eu respondi que eu n?o sabia. Trabalhar em um folhetim estava bem distante daquele meu momento profissional. N?o conseguia pensar na possibilidade. N?o tinha saudades de fazer novelas, e estava sempre reservado para alguma outra coisa. O convite aconteceu da melhor forma e no momento certo.

Sua ?ltima novela foi Kubanacan, de 2000. Como foi o convite para voltar a atuar em folhetins?
O convite partiu da Amora Mautner e do Ricardo Waddington. Eles me ligaram e me mandaram a sinopse. Mas n?o teve press?o. Eles sabem que novela ? um produto bem diferente para mim. Respondi dizendo que nem sabia mais fazer, mas que poder?amos ver como iria ficar. N?o tinha esse h?bito de gravar tanto, mesmo protagonizando s?ries ao longo desse tempo em que n?o fiz novelas. ? legal dividir as aten??es. Estava muito naquela coisa de s? eu no programa. Na primeira conversa que tive com a Amora, ela me falou: "venha com bons olhos".

Na apresenta??o do elenco ? imprensa, a dire??o da novela deu a entender que atuar ao lado da D?bora Bloch foi um fator importante para voc? aceitar o convite. At? onde a atriz foi respons?vel?
Trabalhar com a D?bora ? sempre um prazer. N?s j? somos uma dupla para o espectador, acho que isso facilitou muito. Ela ficou feliz com a possibilidade, mas n?o ficou me cativando. At? porque, ela n?o queria essa responsabilidade. Vai que eu n?o ficasse feliz em fazer novela! O que aconteceu foi que, depois do convite, fui gostando da ideia. N?o ? um projeto qualquer, voc? n?o v? uma produ??o com esta tem?tica, esses atores e essa imagem todos os dias.

E como ? voltar a ter uma rotina de grava??es, textos e espera para gravar?
O mecanismo ? diferente. ? como fazer uma pe?a atr?s da outra, mas n?o estou sentindo muitas dificuldades. Todo mundo diz que fazer novela ? um longo processo de espera. Mas n?o sinto isso. Quando n?o estou gravando, estou convivendo com a equipe, conversando, me divertindo. ? sempre bom come?ar um projeto com pessoas que voc? j? tem uma qu?mica, como a Zez? Polessa, a Mariana Lima, o Tuca Andrada e o Carmo Dalla Vecchia, pessoas com quem j? trabalhei e que ? bom ver novamente.

Apesar da comicidade, o Nicolau ? um dos vil?es do folhetim. Como foi a constru??o do personagem?
Novela ? uma obra cheia de mobilidade. Cada dia ? uma coisa. N?o d? para compor um personagem com in?cio, meio e fim, j? que ele vai se apresentando de forma diferente a cada cap?tulo. Por isso, n?o utilizei nenhum processo de composi??o. N?o sou adepto dessas t?cnicas. N?o consigo construir um personagem antes de faz?-lo. ? medida que a coisa vai acontecendo, ele vai tomando forma. Nicolau ? um cr?pula ambicioso, ? assim que ele se mostra no texto. Mas tamb?m ? um sujeito muito simp?tico. Estou tentando fazer ele o mais bonzinho poss?vel. N?o quero que ningu?m me mate na rua. Vai que levam a s?rio!

Esta altern?ncia entre maldade e a com?dia deixa o personagem mais confort?vel para voc??
Acho que equilibra as coisas. O texto tem bons momentos de humor, mas ? tudo dosado. Quando pedem, eu dou um tom mais c?mico. Quando n?o, fico quieto para tamb?m n?o exceder na cor. Eu n?o fa?o com?dia, ? a situa??o que leva a isso. Quando li os primeiros epis?dios todo mundo riu, mas as vezes a pessoa ri porque a minha imagem est? relacionada ao humor.

Seus trabalhos na TV sempre flertam com o cotidiano moderno de forma exagerada. Voc? teve algum receio de n?o funcionar em uma trama mais hist?rica?
Conversei com a dire??o antes de come?ar a gravar. Sou uma pessoa bem livre e n?o quero me sentir em uma pris?o. ? algo bem diferente do que eu vinha fazendo, mas est? funcionando. N?o fiquei t?o receoso, pois o m?ximo que pode acontecer ? algu?m ficar descontente com o trabalho e as autoras matarem o personagem.

E o que voc? acha do tom de f?bula do texto de Cordel Encantado?
A novela ? encantadora, no sentido fantasioso. S? falta ter a Gata Borralheira, a Cinderela e os Tr?s Porquinhos. ? uma hist?ria linda, contada de forma sincera. Apesar de ser uma trama adulta, tem um tom infantil ideia para conquistar os telespectadores do hor?rio e as crian?as. A aproxima??o deste texto com o p?blico ? diferente, exige uma interpreta??o mais leve.

Diferentemente do trabalho atual, os ?ltimos seriados que voc? participou iam ao ar muito tarde. Acha que a novela vai trazer um novo p?blico para sua carreira?
Sem d?vida. Fazer essa novela ? uma forma de diversificar n?o s? quem me assiste, mas a minha carreira. Vou pegar um p?blico que eu n?o sei se ? o mesmo que acompanhava os meus seriados. ? uma outra vibra??o, o compromisso ? diferente. ? legal porque n?o vai existir uma compara??o direta. Estava acostumado a fazer projetos noturnos. E atuar em uma novela das seis cria um distanciamento entre os trabalhos. Al?m de n?o dar um "choque t?rmico" na minha carreira, a novela chegou em um momento que eu estava aberto para isso.

Cordel Encantado - Globo - Segunda a s?bado, ?s 18h.

Humor livre
Natural do Rio de Janeiro, Luiz Fernando come?ou a carreira por acaso, quando substituiu um amigo na pe?a O Inspetor Geral, de Gogol, com o grupo de teatro Asdr?bal Trouxe o Trombone, em 1974. Foi com a trupe, comandada por Regina Cas? e Hamilton Vaz Pereira, que o ator se descobriu comediante. "Era uma turma muito boa. Imposs?vel ter um in?cio melhor", relembrou. Depois dos anos de teatro, o ator partiu para a televis?o, ap?s algumas participa??es menores, conseguiu um papel de destaque na trama de Vereda Tropical, de 1984. "Comecei na TV ao lado dos meus amigos do teatro e dirigido por Guel Arraes e Jorge Fernando. Meu personagem era um t?pico malandro brasileiro", contou.

Algumas novelas depois, Luiz Fernando integrou um dos projetos de humor mais celebrados da televis?o brasileira, o TV Pirata. Ao lado de Cl?udia Raia, D?bora Bloch, Marco Nanini, Maria Zilda Bethlem, Guilherme Karan, Ney Latorraca, Cristina Pereira e Regina Cas?, o ator renovou a cara da com?dia na tev? brasileira e consolidou sua carreira. "Foi uma escola e a resposta do p?blico era muito grande", destacou. Com o ?xito do programa, o ator deixou as novelas de lado, e foi acumulando atua??es em outros seriados de humor, como Vida Ao Vivo Show, A Com?dia da Vida Privada, Os Normais e Dicas de um Sedutor. "Emendei um programa no outro. Foi bom dar uma parada, respirar outros ares, e voltar em algo que n?o estava mais acostumado a fazer", analisou.

Viagens e teatro
Luiz Fernando usou o tempo em que ficou distante da TV para se reciclar. Al?m de investir no teatro, o ator passou muito tempo viajando por lugares como Taiti, Budapeste e Istambul. "Ao todo, acho que fiquei uns sete meses viajando sem parar. Era uma coisa que eu n?o gostava de fazer, mas acho que passei a admirar mais o planeta. Quanto mais diferente o pa?s, mais me d? vontade de conhecer", admitiu. Entre um destino e outro, o ator encenou ao lado de Fernanda Torres e Francisco Cuoco, o espet?culo Deus ? Qu?mica. em 2009. Com saudades dos palcos, Luiz Fernando est? com vontade de conciliar as grava??es de Cordel Encantado com alguma pe?a, mas ainda n?o encontrou o texto certo para montar. "N?o pode ser qualquer um. Afinal, voc? fica em cartaz durante muito tempo", defendeu.

Trajet?ria Televisiva
# Vereda Tropical (Globo, 1984) - Miro.
# Cambalacho (Globo, 1986) - Jo?o Pedro/Jean Pierre.
# TV Pirata (Globo, 1988).
# Programa de Audit?rio (Globo, 1994) - Ed Mort.
# Brasil Legal (Globo, 1995).
# Decad?ncia (Globo, 1995) - Pedro Jorge.
# Com?dia da Vida Privada (Globo, 1996).
# Vida ao Vivo Show (Globo, 1998).
# Brava Gente (Globo, 2000).
# Uga Uga (Globo, 2000) - Varella.
# Os Normais (Globo, 2001) - Rui.
# Super Sincero (Globo, 2006) - Salgado Franco.
# Minha Nada Mole Vida (Globo, 2006) - Jorge Hor?cio.
# Dicas de Um Sedutor (Globo, 2007) - Santiago.
# Cordel Encantado (Globo, 2011) - Nicolau.

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