Claudia Faccchini, iG São Paulo | 13/05/2011 18:21

Com a inflação em alta e o medo do desemprego, os vendedores já não estão conseguindo convencer os consumidores a comprar produtos por impulso, como faziam até o fim do ano passado.

Antes, o cliente que entrava na loja para comprar uma TV de LCD acaba levando o home theater, o móvel e, de quebra, até um fogão. “Isso já não acontece mais”, afirma Hugo Bethlem, vice-presidente executivo do Grupo Pão de Açúcar.

Segundo ele, as medidas macroprudenciais implementadas pelo governo para esfriar o consumo, como elevação dos juros e aumento do imposto sobre operações de crédito, têm mais impacto sobre a aquisição de bens de maior valor, como automóveis. No entanto, embora o efeito seja mais modesto para a aquisição de bens como eletrodomésticos, os consumidores ficaram mais receosos em assumir prestações.

O aumento da inflação de 5,5% para 6,5% ao ano não é tão desesperador, afirma Bethlem. “Mas a palavra inflação por si só já assusta o consumidor”.

Encontro com o Mantega

Na avaliação de Bethlem, o governo está “consciente” de que não pode exagerar na dose do remédio para controlar a inflação. “Estive (recentemente) em uma reunião com o ministro Mantega e o governo sabe que não pode apertar demais (o consumidor). A ideia não é frear o consumo, mas arrefecer a inflação”, disse o executivo.

Impacto sobre a dívidas

As medidas macroprudenciais tiveram, de fato, mais impacto sobre as contas do próprio Grupo Pão de Açúcar do que para os seus clientes, já que as vendas da companhia mantiveram um forte ritmo de crescimento, em linha com as expectativas.

Com a alta da Selic, os gastos com pagamento de juros da companhia dispararam. As despesas financeiras líquidas cresceram 222% no primeiro trimestre, totalizando R$ 325,7 milhões, o que prejudicou o seu resultado líquido. O lucro final do grupo de R$ 110,8 milhões no primeiro trimestre, 35% menor que em igual período de 2010.

Gastos com aquisições

Além do aumento da Selic, o Pão de Açúcar também gastou em aquisições, que consumiram o seu caixa e elevaram os seus gastos financeiros. Com a aquisição da Casas Bahia pelo Ponto Frio, a empresa assumiu dívidas de R$ 700 milhões. O grupo comprou ainda os 50% de participação da família Sendas na rede Sendas, do Rio, e pagou a última parcela do Assaí para os antigos controladores da rede de atacado, explicou Bethlem.

Mas, antes de contabilizadas a despesas com juros, a geração de caixa de companhia cresceu, conforme o esperado pelos gestores. Pelo critério Lajida (lucro antes do juros, impostos, amortização e depreciação), a geração de caixa foi 40,5% maior no primeiro trimestre, totalizando R$ 609,4 milhões.

Vejas os destaques financeiros do grupo no primeiro trimestre (balanço consolidado)

• As vendas brutas consolidadas apresentaram crescimento de 58,9%, totalizando R$ 12,3 bilhões. As vendas líquidas atingiram R$ 10,9 bilhões, um aumento de 55,9% sobre o primeiro trimestre de 2010. Excluindo as operações de Casas Bahia, as vendas líquidas foram de R$ 7,8 bilhões, com expansão anual de 11,9%.

• O lucro bruto totalizou R$ 2,8 bilhões, com crescimento de 70,5%. A margem bruta foi de 26,2%.

• O Lajida (geração de caixa) totalizou R$ 609,4 milhões, com crescimento de 40,5% e margem de 5,6% sobre a receita líquida.

• A despesa financeira líquida foi de R$ 325,7 milhões e representou 3% das vendas líquidas.

• O lucro líquido consolidado atingiu R$ 110,8 milhões, com queda de 34,9% em relação ao primeiro trimestre de 2010, representando 1% da receita líquida.

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